sábado, 2 de junho de 2012

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita: Tercis


Inexistem, na formação histórica brasileira, períodos sem música da vida coletiva. As investigações do nosso passado, no tempo e no espaço, estabelecem, via de regra, não só a presença, mas ainda a intensidade das manifestações musicais do nosso povo. O que cumpre admitir-se, tomando-se por base o material englobado desde os primeiros cronistas até os modernos historiadores e sociólogos, é que recolhemos antes fortes indícios da riqueza da prática da música no Brasil do que a configuração do quadro exato.
Torna-se lícito admitir a grandeza do quadro, mas suas proporções são ainda maiores do que supomos, ao nos louvarmos na documentação já recolhida. A música, certamente, escapa aos propósitos da grande maioria dos historiadores. E a despeito da vasta e preciosa documentação que tende a desaparecer na voragem do tempo, cada sondagem a que se proceda no passado musical do Brasil trará o testemunho da palpitante e generosa prática da arte, cujos primeiros expoentes surgiram no período colonial.
O Tercio (e não Tercis como anteriormente publicado), que inicia esta valiosa gravação, data de 1783. Esta gravação torna a mostrar-nos – na partitura elaborada, bem assim como o respectivo contínuo, pelo Maestro Toni – que a denominação de música barroca dada à criação dos compositores que floresceram àquela época, nas zonas de mineração aurífera de Minas, é imprópria, porque se trata de música que recebe a influência direta do classicismo europeu. Com quinteto de cordas, o Andante Lento, para soprano, contralto e baixo, impressiona pela extrema, ideal pureza, da inspiração, em um contraponto sempre límpido, de comovente inocência. O Padre Nosso, para coro – que o admirável Coral Artis Canticum, regido pelo Maestro Nelson de Macêdo, explode logo no primeiro compasso – é uma página de alta eloquência mística. A Ave-Maria, tem um largo dueto de soprano e contralto, de delicadeza extrema, que vai até a metade da oração. O Glória é majestoso, com seu dueto, que tem uma célula rítmica incisiva, de soprano e contralto.
Estas composições, bem como as demais que constam desta gravação, são pela primeira vez apresentadas em disco. O fenômeno da criação da grande música, em um meio sem nenhum contato direto com os centros da cultura universal, é provavelmente único no mundo. Há muito de mistério e de milagre na arte musical que floresceu em Minas e se equiparam, por sua força, à arte escultórica – esta sim, barroca – do Aleijadinho.



REFERÊNCIA
Os Cameristas. Lobo-de-Mesquita. Disponível em: < http://www.sul21.com.br/blogs/pqpbach/2012/05/28/coral-artis-canticum-os-cameristas-lobo-de-mesquita-padre-jose-mauricio/ >. Acesso em: 15/05/2012

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Lobo de Mesquita


Acredita-se até hoje que nenhum documento que prove e possa esclarecer o local e data de nascimento de Emérico Lobo de Mesquita. Informações dizem que Lobo de Mesquita possa ter nascido na Vila do Príncipe do Serro do Frio, atual Serro  (MG), entre 1740 e 1750.
Entretanto, certamente  Lobo de Mesquita era mulato, possivelmente filho natural do português José Lobo de Mesquita e de sua escrava Joaquina Emerenciana, e que se casou por volta de 1795 com Tomásia Onofre do Lírio.
Possivelmente, foi aluno dos Padres Manuel da Costa Dantas, Manuel de Almeida Silva e Miguel Bernardo Moreira, mas nenhuma informação concreta, traz o conhecimento de seus estudos musicais. Na cidade de Diamantina, Lobo de Mesquita  exerceu funções de professor, organista e compositor.
Teve sua fase mais criativa como compositor coincidindo com suas atividades no Serro e em Diamantina.  Os autógrafos conhecidos de suas obras, além de algumas cópias raras de suas composições,  provam uma composição situada entre e 1778 e 1803.
Em 1798, Lobo de Mesquita foi morar na cidade de Vila Rica, onde hoje é a atual cidade de Ouro Preto, onde permaneceu por pouco tempo. Finalmente transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro no ano de 1801, onde assinou um contrato com a Ordem Terceira do Carmo, documento que assinala sua função de organista, como em Diamantina. No Rio de Janeiro viveu  seus últimos dias, falecendo em 1805.
Destacou-se no surgimento das edições brasileiras de música antiga, onde foi priorizado com a sua edição de música.
Toda sua criação consiste de música religiosa, quase onde todas as composições são em latim, entretanto existe exceções de o Padre Nosso e a Ave Maria do Tercio.
Lobo de Mesquita, em grande parte, evita a virtuosidade instrumental, priorizando a clareza do texto. Isso provavelmente está relacionado à liturgia, mas também é possível que esteja ligado à competência dos intérpretes disponíveis ou da maneira que se desenvolveu a prática musical mineira no século XVIII.

O compositor explora frequentemente a alternância de diferentes texturas vocais para a estrutura de suas obras.
Algumas das composições de Lobo de Mesquita foram apresentadas à outros grandes nomes da música, como quando Curt Lange chegou ao Rio de Janeiro em 1944 contratado por Villa Lobos para realizar estudos, e foi quando lhe mostraram partituras do século XVIII derivadas de Minas Gerais, entre as partituras a antífona Salve Regina de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita.
Uma parte significativa do que chegou até nós do repertório colonial brasileiro,
formado por obras sacras , foi preservada nas cópias produzidas ao longo do século XIX,  que é o caso das obras de Lobo de Mesquita.


REFERÊNCIAS
CASTAGNA, Paulo. Dualidades nas propostas editoriais de música antiga brasileira. Per Musi. Belo Horizonte, v. 1, n. 18, p.7-16, 2008.

FREITAS, Mariana Portas. Entre o hexacorde de Guido e o solfejo “francês”: a Escola de Canto de Orgão de Caetano de Melo de Jesus (1759). Revista Brasileira de Música. Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 43-71, 2010.

GUIMARÃES, Maria Inês JUNQUEIRA.José Emerico Lobo de Mesquita. Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro. Fapemig. Disponível em:http://www.cultura.mg.gov.br/pamm/vol1/arqs/compositor.pdf (acessado 20.05.2012).

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Lobo de Mesquita


Emerico Lobo de Mesquita foi um dos compositores mais importante de sua época. Seu nome foi registrado, no dia 26 de dezembro de 1774, no livro de pagamento da Câmara do Serro, segundo esse registo Mesquita recebeu um pagamento por uma música feita para as quatro festas anuais da vila ( GUIMARÃES, 2012, p. 17 ).
O seu nome ter sido registrado no livro de pagamento da Câmara, sugere que ele já possuía, nessa data, uma grande experiência musical. Sua fase mais criativa coincidiu com as atividades no Serro e em Diamantina. Vários documentos autógrafos encontrados mostram grande produção de Emerico entre 1778 e 1803 ( GUIMARÃES, 2012, p. 18 ).
Uma obra importante de Emerico Lobo de Mesquita é seu Te Deum em Lá menor ( número 134 ), do Catálogo Temático do Acervo de Manuscritos ( Coleção Francisco Curt Lange ). Esse é o único Te Deum dele que foi apresentado recentemente em salas de concerto e também foi o único a ser gravado. Esta obra foi escrita para coro ou quarteto vocal SATB, primeiro e segundo violinos, viola, trompas e baixo contínuo; está dividida em 14 movimentos alternados com cantochões ( PIRES, 2010, p. 39 ).
Pires ( 2010, p. 38 ) afirma que as execuções da obra, nas últimas décadas, e as duas gravações existentes basearam-se numa “restauração” feita por Francisco Curt Lange na década de 1950, considerada bastante questionável de acordo com os padrões atuais de edição de obras antigas, visto que “corrige” notas e inclui indicações de dinâmica, intensidade e, até, arcadas, sem mencionar que foram alterações do revisor.
Pires ( 2010, p. 38 ) informa também que além dos problemas editoriais, o uso de somente um conjunto de manuscritos copiados no século XIX como fonte da transcrição, conforme declarado pelo próprio Lange, na capa, reduziu a possibilidade de se obter um retrato mais fiel às intenções do compositor.
A afirmação de Pires nos faz entender como a musicologia no Brasil ainda precisa melhorar. Somente quando melhorar a pesquisa na área de música e outros trabalhos de restauração forem feitos é que poderemos ter um conhecimento mais profundo sobre as obras musicais brasileiras criadas durante o período colonial.

PIRES, Sérgio. O Te Deum (em lá menor) de Lobo de Mesquita (1746?-1805). Revista Brasileira de Música, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, p. 39-54, 2010.


BÉHAGUE, Gerard. Música mineira colonial à luz de novos manuscritos. Barroco, Belo Horizonte, n. 3, p.15-27, jul. 1971.

NEVES, José Maria. José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita - O mais expressivo compositor da musica colonial mineira.  

GUIMARÃES, Maria Inês JUNQUEIRA.José Emerico Lobo de Mesquita. Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro. Fapemig. Disponível em: http://www.cultura.mg.gov.br/pamm/vol1/arqs/compositor.pdf (acessado 15.04.2012).

domingo, 29 de abril de 2012

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita – Antífona de Nossa Senhora


José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita – Antífona de Nossa Senhora
                Já sabemos a enorme importância do ciclo do ouro no período colonial brasileiro. Nesse período desenvolveu-se um centro urbano rapidamente e a produção musical estava em alta, e não podemos deixar de citar José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, considerado o maior músico mineiro do século XVIII. (MARIZ, p.41)
            A presença da música profana na obra de Mesquita é desconhecida, provavelmente sua obra é constituída apenas por músicas sacras. A Antífona de Nossa Senhora (Salve Regina), considerada por muitos como a mais bela criação do músico, foi composta em 1787, no período de apogeu artístico em Minas Gerais. A obra tem um caráter espiritual muito forte e “a alternância de vozes masculino-feminina produz um efeito musical e dramático esplêndido”.
            Paulo Roberto Candido dos Santos chega a comparar esta obra com as Cantatas de Bach. Exagero ou não, o fato é que a obra apresenta muitas riquezas e nós brasileiros não podemos deixar de conhecê-la. Ele também explica um pouco sobre a obra:
A Salve Regina, uma das mais fantásticas obras de música sacra já escrita merece um comentário à parte. Inicia com a orquestra contida, em acordes brandos e solenes. O tenor inicia uma frase extremamente melódica, seguida pelo coro masculino, em uma variação do tema inicial. Quando o coro feminino emerge cantando Salve Regina, Mater misericordiae, o ouvinte se rende a uma música de introspecção de tal magnitude que é impossível de ser descrita. Deve ser observada a majestade do baixo a conduzir a música e das cordas, quase que parando, oferecendo um clima bastante contemplativo, quase em oração. A melhor maneira de julgar esta peça magnífica é ouvi-la muitas vezes. Esta obra prima rivaliza com qualquer Cantata de Bach, sem nenhum exagero.



            Convido todos os músicos a ouvir novamente essa que é uma das mais belas obras compostas no Brasil. Abaixo o link de acesso para o vídeo:

Referências.
MARIZ, Vasco. História da Música no Brasil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
SANTOS, Paulo Roberto Candido. Lobo de Mesquita. O Bach das Alterosas. Disponível em: www.feedbooks.com/userbook/10646.pdf, Acesso em: 28 de abril de 2012.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Vida e Obra de Lobo de Mesquita

VIDA E OBRA DE JOSÉ JOAQUIM EMERICO LOBO DE MESQUITA

1746 - De acordo com Geraldo Dutra de Moraes, que nunca mostrou documentos
que comprovassem suas afirmações, Lobo de Mesquita nasceu em 12 de outubro de
1746 na cidade do Serro, Minas Gerais. Infelizmente, apesar do alerta do próprio Curt
Lange, essa informação foi disseminada como verdade absoluta em dicionários, livros,
artigos, discos e websites.
1765 - De acordo com Maria Eremita de Souza, citada por Curt Lange, seu
nome apareceu em um dos livros de pagamentos do Senado da Câmara do Serro,
entre outros músicos que trabalharam nas festas reais.
1774 - Em 26 de dezembro, recebeu 37 oitavas de ouro para atuar como regente da
música da cerimônia do Corpo de Deus, no Serro.
1776 - Em 2 de outubro, ganhou 7 oitavas de ouro por ter tocado nas festas do Senado
da Câmara do Serro.
1777 - Em 25 de agosto, assinou um contrato com o Senado da Câmara do Serro, para
prover música para o funeral do rei José I de Portugal e para o casamento do príncipe
Dom José. No mesmo ano, registrou-se que o músico de nome Joze Joaqm (Lobo de
Mesquita?) ganhou 14 oitavas de ouro da Irmandade do Santíssimo Sacramento no
Serro, por tocar nos Domingos e na Semana Santa.
1778 - Compôs o Ofício e Missa para Quarta-Feira de Cinzas para SATB, violoncelo
obbligato e contínuo.
1779 (ca.) - Compôs, antes ou durante esse ano, as Matinas de Quinta-Feira Santa.
1779 - Compôs a antífona mariana Regina coeli laetare.
1782 - Compôs o Ofício, Paixão e Missa de Domingo de Ramos.
1783 - Compôs os Tratos, Missa e Vésperas de Sábado Santo. No mesmo ano, compôs
o Tercio.
1783-1784 - Registros no livro de Despesas da Irmandade do Santíssimo Sacramento
de Diamantina (então Arraial do Tijuco) mostram Lobo de Mesquita ajudando o
padre e organeiro Manoel Almeida da Silva na construção do órgão da igreja daquela
irmandade.
1784 - Registrou-se que o músico Joze Joaqm (Lobo de Mesquita?) ganhou 14 oitavas
de ouro por seu trabalho durante a Semana Santa, no Serro.
1784-1785 - Desse período até o período de 1797-1798, tocou órgão para a
Irmandade do Santíssimo Sacramento, de Diamantina.
1785-1786 - Durante este ano fiscal e o seguinte (1786-1787), recebeu pagamentos
simbólicos por tocar órgão nas festas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Sé
de Santo Antônio, em Diamantina.
1787 - Compôs a antífona mariana Salve Regina.
Recebeu um pagamento por ter participado do serviço musical em 24 de setembro na
irmandade de Nossa Senhora das Mercês de Diamantina.
1787-1788 - Trabalhou deste período fiscal até o período 1794-1795 como
organista da Ordem Terceira do Carmo, de Diamantina.
1788 - Em 25 de janeiro deste ano, tornou-se membro da Irmandade de Nossa
Senhora das Mercês, em Diamantina. Sua esposa Thomazia Onofre do Lirio
entrou para a mesma irmandade em 15 de agosto do mesmo ano.

1789 - Atuou como juiz de Devoção na Irmandade de Nossa Senhora da Saúde, uma
confraria associada à Irmandade de Nossa Senhora das Mercês de Diamantina.
1792 - Seu nome apareceu pela primeira vez nos livros da Irmandade de Nossa
Senhora do Amparo, para a qual ele trabalhou como escrivão, tesoureiro e juiz.
1798 (ca.) - Compôs, antes ou durante esse ano, a Ladainha de Nossa Senhora, em fá
maior.
1798 - Compôs o Ofício e Missa de Defuntos. Em primeiro de setembro, já vivendo em
Ouro Preto (então Vila Rica), assinou um contrato com a Ordem Terceira do Carmo,
tornando-se responsável por providenciar obras e músicos para todas as festividades
dessa irmandade. Em 17 de setembro, ele e sua esposa entraram para a Confraria do
Sagrado Coração de Jesus, Maria, José, o Senhor dos Matosinhos, e São Miguel das
Almas, em Ouro Preto.
1798-1799 - Foi o responsável pelo serviço musical do Tríduo realizado pela
Irmandade do Santíssimo Sacramento de Ouro Preto.
1799-1800 - Foi o responsável pelo serviço musical das Quarenta Horas, realizadas
pela Irmandade do Santíssimo Sacramento de Ouro Preto.
1800 - Em 15 de outubro, Francisco Gomes da Rocha assinou um contrato com a
Ordem Terceira do Carmo de Ouro Preto, tornando-se o responsável pela música dessa
instituição, dada a saída de Lobo de Mesquita deste posto. É possível que Lobo de
Mesquita já tivesse partido para o Rio de Janeiro.
1801 - Em 16 de dezembro deste ano, assinou um contrato para ser o organista
da Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro. Este contrato foi renovado até seu
falecimento.
1803 (ca.) - Compôs, antes ou durante este ano, o responsório Cum transisset para as
Matinas de Domingo da Ressurreição.
1805 - O último pagamento feito a ele pela Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro
foi registrado neste ano, referindo-se aos seus seis últimos meses de trabalho, de
novembro de 1804 a abril de 1805. Em 3 de maio, a Ordem Terceira do Carmo do Rio
de Janeiro assinou contrato com o organista Vicente Meireles Cordeiro, nele consta
que o motivo da nova contração foi a morte de Lobo de Mesquita.

Algumas sitações sobre Mesquia

Sua obra conhecida é bastante vasta e rica, constituindo-se, sobretudo de cópias
novecentistas; são mais raras as obras comprovadamente do século XVIII, existindo
uns poucos autógrafos do compositor, como a Dominica in Palmis (1782) e a Antífona
de Nossa Senhora (1787). (Neves, 2012)

"A obra de Lobo de Mesquita pode ser vista como um exemplo em que não houve uma
ruptura nítida entre o barroco e o classicismo, principalmente no campo da música

religiosa."
- Pires, 1994, in Moretzsohn 1997, p.68.


Magnificat - MA-ON5 C1_07 Altus
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita

“Qualquer estudo sobre a música no Brasil nos séculos XVIII e XIX, em especial sobre
o contínuo, terá que naturalmente levar em consideração a situação portuguesa da
mesma época. As razões tanto políticas quanto econômicas comprovam o vínculo
forte entre os dois países; este elo é refletido também culturalmente, tanto pelo fato
de que aqui as atividades musicais de origem européia foram muito mais intensas do
que em outras colônias portuguesas, mas principalmente porque a maior parte das
informações sobre música européia no Brasil passava por Portugal.”
Fagerlande, In: "O Baixo contínuo no Brasil...", 2002, p.23.



Magnificat - MA-ON5 C6_02 Clarineta
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita

E para terminar uma boa música de Lobo de Mesquita

brazilian baroque, Lobo de Mesquita, Salve Regina, Diamantina MG

http://www.youtube.com/watch?v=vFdJ_3hK-Ow&feature=player_embedded

Referencias

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita - O mais expressivo compositor da musica colonial
mineira. disponível em: < http://elfikurten.blogspot.com.br/2011/02/jose-joaquim-emerico-
lobo-de-mesquita-o.html> acesso em 25 de março de 2012

PIRES, Sérgio. Sources, Style and Context for The Te Deum of José Joaquim Emerico
Lobo de Mesquita (1746?-1805): a critical edition.
(Tese de doutorado). Boston: Boston University, 2007.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita



José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita foi um compositor que nasceu por volta de 1746. Seu pai, José Lobo de Mesquita, era português e sua mãe era a escrava Joaquina Emerenciana. Nasceu na Vila do Príncipe e nesse mesmo lugar foi onde iniciou sua formação musical e iniciou suas atividades profissionais, como organista e como compositor. Pertenceu a escola que um dia foi chamada de Barroco Mineiro, muitos musicólogos consideram Mesquita como sendo o melhor compositor setentista brasileiro ( NEVES, 2012 ).

A respeito da data de nascimento de Lobo de Mesquita, Guimarães ( 2012 ) diz:
Nenhum documento capaz de esclarecer a data e o local do nascimento de Lobo de Mesquita foi localizado até o momento. Acredita-se, contudo, que tenha nascido na Vila do Príncipe do Serro do Frio, atual Serro  (MG), entre 1740 e 1750. Seu nome consta registrado pela primeira vez em um assentamento do livro de pagamento da Câmara do Serro: no dia 26 de dezembro de 1774 recebeu um pagamento pela música para as quatro festas anuais dessa vila.

            Mesquita compôs uma grande quantidade de músicas, é por isso que muitos musicólogos consideram Mesquita como um dos maiores compositores de setentista. Seus manuscritos são encontrados nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro. ( GUIMARÃES, 2012 ).
            Já Neves ( 2012 ) levanta a possibilidade de Mesquita ser considerado o melhor compositor porque ainda há muitos compositores, que atuaram na mesma época de Mesquita, que ainda estão praticamente desconhecidos.
            Mesquita compôs apenas músicas religiosas, praticamente todas em latim. Apenas o Padre Nosso e a Ave Maria do Tercio (CT-MCRF [75]; CT-MIG 14) é que não foram escritas em latim. ( GUIMARÃES, 2012 ).


            Guimarães ( 2012 ) afirma que:
O compositor, em grande medida, evita a virtuosidade instrumental, priorizando a inteligibilidade do texto. Isso provavelmente está condicionado à liturgia, mas também é possível que esteja ligado à competência dos intérpretes disponíveis ou ao próprio desenvolvimento da prática musical mineira no século XVIII.

            Ao comparar as obras de instrumentos com as obras para coro encontramos uma grande diferença entre estilo de escrita. As obras instrumentais costumam ser mais modernas, porque mais marcadas pelo classicismo da melodia acompanhada (em algumas obras, com forte influência da linguagem musical italiana), as obras para coro mostram-se mais influenciadas pela estética do barroco, com toque polifônico. Guardadas as devidas distâncias, pode-se dizer que, quando escrevem para coro, aproximam-se compositores de universos bem diferentes, como os paulistas de Mogi das Cruzes, os mineiros da segunda metade do século XVIII e mesmo seus sucessores da primeira metade do século XIX. É como se, na escrita coral, eles revelassem atitude musicalmente mais conservadora, enquanto buscavam linguagem mais moderna quando escreviam para solistas ou para coro com acompanhamento orquestral. Mas é preciso que se diga que em Emerico, como na maioria dos compositores setecentistas brasileiros, a escrita coral não se revela primordialmente polifônica; o tratamento é mais harmônico, em blocos sonoros, e apenas em momentos específicos aparecem fórmulas de cunho imitativo, às vezes pequenos fugatos, que aproximam esta música de suas origens polifônicas do barroco português. ( BÉHAGUE, 1971, p. 22 )
Em 1798 Mesquita Tranferiu-se para a Vila Rica, passando a atuar na Matriz de Nossa Senhora do Pilar e na Ordem Terceira do Carmo. Dois anos depois, passou o cargo a Francisco Gomes da Rocha e transferiu-se para o Rio de Janeiro, tocando na Igreja da Ordem Terceira do Carmo entre 1801 e 1805, quando faleceu. ( GUIMARÃES, 2012 ).



Referências



BÉHAGUE, Gerard. Música mineira colonial à luz de novos manuscritos. Barroco, Belo Horizonte, n. 3, p.15-27, jul. 1971.

NEVES, José Maria. José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita - O mais expressivo compositor da musica colonial mineira.  Disponível em: < http://elfikurten.blogspot.com/2011/02/jose-joaquim-emerico-lobo-de-mesquita-o.html >. Acesso em: 14 de fevereiro de 2012

GUIMARÃES, Maria Inês JUNQUEIRA. José Emerico Lobo de Mesquita. Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro. Fapemig. Disponível em: http://www.cultura.mg.gov.br/pamm/vol1/arqs/compositor.pdf (acessado 14.02.2012).