VIDA E OBRA DE JOSÉ JOAQUIM EMERICO LOBO DE MESQUITA
1746 - De acordo com Geraldo Dutra de Moraes, que nunca mostrou documentos
que comprovassem suas afirmações, Lobo de Mesquita nasceu em 12 de outubro de
1746 na cidade do Serro, Minas Gerais. Infelizmente, apesar do alerta do próprio Curt
Lange, essa informação foi disseminada como verdade absoluta em dicionários, livros,
artigos, discos e websites.
1765 - De acordo com Maria Eremita de Souza, citada por Curt Lange, seu
nome apareceu em um dos livros de pagamentos do Senado da Câmara do Serro,
entre outros músicos que trabalharam nas festas reais.
1774 - Em 26 de dezembro, recebeu 37 oitavas de ouro para atuar como regente da
música da cerimônia do Corpo de Deus, no Serro.
1776 - Em 2 de outubro, ganhou 7 oitavas de ouro por ter tocado nas festas do Senado
da Câmara do Serro.
1777 - Em 25 de agosto, assinou um contrato com o Senado da Câmara do Serro, para
prover música para o funeral do rei José I de Portugal e para o casamento do príncipe
Dom José. No mesmo ano, registrou-se que o músico de nome Joze Joaqm (Lobo de
Mesquita?) ganhou 14 oitavas de ouro da Irmandade do Santíssimo Sacramento no
Serro, por tocar nos Domingos e na Semana Santa.
1778 - Compôs o Ofício e Missa para Quarta-Feira de Cinzas para SATB, violoncelo
obbligato e contínuo.
1779 (ca.) - Compôs, antes ou durante esse ano, as Matinas de Quinta-Feira Santa.
1779 - Compôs a antífona mariana Regina coeli laetare.
1782 - Compôs o Ofício, Paixão e Missa de Domingo de Ramos.
1783 - Compôs os Tratos, Missa e Vésperas de Sábado Santo. No mesmo ano, compôs
o Tercio.
1783-1784 - Registros no livro de Despesas da Irmandade do Santíssimo Sacramento
de Diamantina (então Arraial do Tijuco) mostram Lobo de Mesquita ajudando o
padre e organeiro Manoel Almeida da Silva na construção do órgão da igreja daquela
irmandade.
1784 - Registrou-se que o músico Joze Joaqm (Lobo de Mesquita?) ganhou 14 oitavas
de ouro por seu trabalho durante a Semana Santa, no Serro.
1784-1785 - Desse período até o período de 1797-1798, tocou órgão para a
Irmandade do Santíssimo Sacramento, de Diamantina.
1785-1786 - Durante este ano fiscal e o seguinte (1786-1787), recebeu pagamentos
simbólicos por tocar órgão nas festas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Sé
de Santo Antônio, em Diamantina.
1787 - Compôs a antífona mariana Salve Regina.
Recebeu um pagamento por ter participado do serviço musical em 24 de setembro na
irmandade de Nossa Senhora das Mercês de Diamantina.
1787-1788 - Trabalhou deste período fiscal até o período 1794-1795 como
organista da Ordem Terceira do Carmo, de Diamantina.
1788 - Em 25 de janeiro deste ano, tornou-se membro da Irmandade de Nossa
Senhora das Mercês, em Diamantina. Sua esposa Thomazia Onofre do Lirio
entrou para a mesma irmandade em 15 de agosto do mesmo ano.
1789 - Atuou como juiz de Devoção na Irmandade de Nossa Senhora da Saúde, uma
confraria associada à Irmandade de Nossa Senhora das Mercês de Diamantina.
1792 - Seu nome apareceu pela primeira vez nos livros da Irmandade de Nossa
Senhora do Amparo, para a qual ele trabalhou como escrivão, tesoureiro e juiz.
1798 (ca.) - Compôs, antes ou durante esse ano, a Ladainha de Nossa Senhora, em fá
maior.
1798 - Compôs o Ofício e Missa de Defuntos. Em primeiro de setembro, já vivendo em
Ouro Preto (então Vila Rica), assinou um contrato com a Ordem Terceira do Carmo,
tornando-se responsável por providenciar obras e músicos para todas as festividades
dessa irmandade. Em 17 de setembro, ele e sua esposa entraram para a Confraria do
Sagrado Coração de Jesus, Maria, José, o Senhor dos Matosinhos, e São Miguel das
Almas, em Ouro Preto.
1798-1799 - Foi o responsável pelo serviço musical do Tríduo realizado pela
Irmandade do Santíssimo Sacramento de Ouro Preto.
1799-1800 - Foi o responsável pelo serviço musical das Quarenta Horas, realizadas
pela Irmandade do Santíssimo Sacramento de Ouro Preto.
1800 - Em 15 de outubro, Francisco Gomes da Rocha assinou um contrato com a
Ordem Terceira do Carmo de Ouro Preto, tornando-se o responsável pela música dessa
instituição, dada a saída de Lobo de Mesquita deste posto. É possível que Lobo de
Mesquita já tivesse partido para o Rio de Janeiro.
1801 - Em 16 de dezembro deste ano, assinou um contrato para ser o organista
da Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro. Este contrato foi renovado até seu
falecimento.
1803 (ca.) - Compôs, antes ou durante este ano, o responsório Cum transisset para as
Matinas de Domingo da Ressurreição.
1805 - O último pagamento feito a ele pela Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro
foi registrado neste ano, referindo-se aos seus seis últimos meses de trabalho, de
novembro de 1804 a abril de 1805. Em 3 de maio, a Ordem Terceira do Carmo do Rio
de Janeiro assinou contrato com o organista Vicente Meireles Cordeiro, nele consta
que o motivo da nova contração foi a morte de Lobo de Mesquita.
Algumas sitações sobre Mesquia
Sua obra conhecida é bastante vasta e rica, constituindo-se, sobretudo de cópias
novecentistas; são mais raras as obras comprovadamente do século XVIII, existindo
uns poucos autógrafos do compositor, como a Dominica in Palmis (1782) e a Antífona
de Nossa Senhora (1787). (Neves, 2012)
"A obra de Lobo de Mesquita pode ser vista como um exemplo em que não houve uma
ruptura nítida entre o barroco e o classicismo, principalmente no campo da música
religiosa."
- Pires, 1994, in Moretzsohn 1997, p.68.
Magnificat - MA-ON5 C1_07 Altus
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita
“Qualquer estudo sobre a música no Brasil nos séculos XVIII e XIX, em especial sobre
o contínuo, terá que naturalmente levar em consideração a situação portuguesa da
mesma época. As razões tanto políticas quanto econômicas comprovam o vínculo
forte entre os dois países; este elo é refletido também culturalmente, tanto pelo fato
de que aqui as atividades musicais de origem européia foram muito mais intensas do
que em outras colônias portuguesas, mas principalmente porque a maior parte das
informações sobre música européia no Brasil passava por Portugal.”
Fagerlande, In: "O Baixo contínuo no Brasil...", 2002, p.23.
Magnificat - MA-ON5 C6_02 Clarineta
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita
E para terminar uma boa música de Lobo de Mesquita
brazilian baroque, Lobo de Mesquita, Salve Regina, Diamantina MG
http://www.youtube.com/watch?v=vFdJ_3hK-Ow&feature=player_embedded
Referencias
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita - O mais expressivo compositor da musica colonial
mineira. disponível em: < http://elfikurten.blogspot.com.br/2011/02/jose-joaquim-emerico-
lobo-de-mesquita-o.html> acesso em 25 de março de 2012
PIRES, Sérgio. Sources, Style and Context for The Te Deum of José Joaquim Emerico
Lobo de Mesquita (1746?-1805): a critical edition.
(Tese de doutorado). Boston: Boston University, 2007.