segunda-feira, 30 de abril de 2012

Lobo de Mesquita


Emerico Lobo de Mesquita foi um dos compositores mais importante de sua época. Seu nome foi registrado, no dia 26 de dezembro de 1774, no livro de pagamento da Câmara do Serro, segundo esse registo Mesquita recebeu um pagamento por uma música feita para as quatro festas anuais da vila ( GUIMARÃES, 2012, p. 17 ).
O seu nome ter sido registrado no livro de pagamento da Câmara, sugere que ele já possuía, nessa data, uma grande experiência musical. Sua fase mais criativa coincidiu com as atividades no Serro e em Diamantina. Vários documentos autógrafos encontrados mostram grande produção de Emerico entre 1778 e 1803 ( GUIMARÃES, 2012, p. 18 ).
Uma obra importante de Emerico Lobo de Mesquita é seu Te Deum em Lá menor ( número 134 ), do Catálogo Temático do Acervo de Manuscritos ( Coleção Francisco Curt Lange ). Esse é o único Te Deum dele que foi apresentado recentemente em salas de concerto e também foi o único a ser gravado. Esta obra foi escrita para coro ou quarteto vocal SATB, primeiro e segundo violinos, viola, trompas e baixo contínuo; está dividida em 14 movimentos alternados com cantochões ( PIRES, 2010, p. 39 ).
Pires ( 2010, p. 38 ) afirma que as execuções da obra, nas últimas décadas, e as duas gravações existentes basearam-se numa “restauração” feita por Francisco Curt Lange na década de 1950, considerada bastante questionável de acordo com os padrões atuais de edição de obras antigas, visto que “corrige” notas e inclui indicações de dinâmica, intensidade e, até, arcadas, sem mencionar que foram alterações do revisor.
Pires ( 2010, p. 38 ) informa também que além dos problemas editoriais, o uso de somente um conjunto de manuscritos copiados no século XIX como fonte da transcrição, conforme declarado pelo próprio Lange, na capa, reduziu a possibilidade de se obter um retrato mais fiel às intenções do compositor.
A afirmação de Pires nos faz entender como a musicologia no Brasil ainda precisa melhorar. Somente quando melhorar a pesquisa na área de música e outros trabalhos de restauração forem feitos é que poderemos ter um conhecimento mais profundo sobre as obras musicais brasileiras criadas durante o período colonial.

PIRES, Sérgio. O Te Deum (em lá menor) de Lobo de Mesquita (1746?-1805). Revista Brasileira de Música, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, p. 39-54, 2010.


BÉHAGUE, Gerard. Música mineira colonial à luz de novos manuscritos. Barroco, Belo Horizonte, n. 3, p.15-27, jul. 1971.

NEVES, José Maria. José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita - O mais expressivo compositor da musica colonial mineira.  

GUIMARÃES, Maria Inês JUNQUEIRA.José Emerico Lobo de Mesquita. Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro. Fapemig. Disponível em: http://www.cultura.mg.gov.br/pamm/vol1/arqs/compositor.pdf (acessado 15.04.2012).

domingo, 29 de abril de 2012

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita – Antífona de Nossa Senhora


José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita – Antífona de Nossa Senhora
                Já sabemos a enorme importância do ciclo do ouro no período colonial brasileiro. Nesse período desenvolveu-se um centro urbano rapidamente e a produção musical estava em alta, e não podemos deixar de citar José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, considerado o maior músico mineiro do século XVIII. (MARIZ, p.41)
            A presença da música profana na obra de Mesquita é desconhecida, provavelmente sua obra é constituída apenas por músicas sacras. A Antífona de Nossa Senhora (Salve Regina), considerada por muitos como a mais bela criação do músico, foi composta em 1787, no período de apogeu artístico em Minas Gerais. A obra tem um caráter espiritual muito forte e “a alternância de vozes masculino-feminina produz um efeito musical e dramático esplêndido”.
            Paulo Roberto Candido dos Santos chega a comparar esta obra com as Cantatas de Bach. Exagero ou não, o fato é que a obra apresenta muitas riquezas e nós brasileiros não podemos deixar de conhecê-la. Ele também explica um pouco sobre a obra:
A Salve Regina, uma das mais fantásticas obras de música sacra já escrita merece um comentário à parte. Inicia com a orquestra contida, em acordes brandos e solenes. O tenor inicia uma frase extremamente melódica, seguida pelo coro masculino, em uma variação do tema inicial. Quando o coro feminino emerge cantando Salve Regina, Mater misericordiae, o ouvinte se rende a uma música de introspecção de tal magnitude que é impossível de ser descrita. Deve ser observada a majestade do baixo a conduzir a música e das cordas, quase que parando, oferecendo um clima bastante contemplativo, quase em oração. A melhor maneira de julgar esta peça magnífica é ouvi-la muitas vezes. Esta obra prima rivaliza com qualquer Cantata de Bach, sem nenhum exagero.



            Convido todos os músicos a ouvir novamente essa que é uma das mais belas obras compostas no Brasil. Abaixo o link de acesso para o vídeo:

Referências.
MARIZ, Vasco. História da Música no Brasil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
SANTOS, Paulo Roberto Candido. Lobo de Mesquita. O Bach das Alterosas. Disponível em: www.feedbooks.com/userbook/10646.pdf, Acesso em: 28 de abril de 2012.