Acredita-se até hoje que nenhum documento que prove e possa
esclarecer o local e data de nascimento de Emérico Lobo de Mesquita.
Informações dizem que Lobo de Mesquita possa ter nascido na Vila do Príncipe do
Serro do Frio, atual Serro (MG), entre
1740 e 1750.
Entretanto, certamente
Lobo de Mesquita era mulato, possivelmente filho natural do português
José Lobo de Mesquita e de sua escrava Joaquina Emerenciana, e que se casou por
volta de 1795 com Tomásia Onofre do Lírio.
Possivelmente, foi aluno dos Padres Manuel da Costa Dantas,
Manuel de Almeida Silva e Miguel Bernardo Moreira, mas nenhuma informação
concreta, traz o conhecimento de seus estudos musicais. Na cidade de
Diamantina, Lobo de Mesquita exerceu
funções de professor, organista e compositor.
Teve sua fase mais criativa como compositor coincidindo com
suas atividades no Serro e em Diamantina.
Os autógrafos conhecidos de suas obras, além de algumas cópias raras de
suas composições, provam uma composição
situada entre e 1778 e 1803.
Em 1798, Lobo de Mesquita foi morar na cidade de Vila Rica,
onde hoje é a atual cidade de Ouro Preto, onde permaneceu por pouco tempo.
Finalmente transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro no ano de 1801, onde
assinou um contrato com a Ordem Terceira do Carmo, documento que assinala sua
função de organista, como em Diamantina. No Rio de Janeiro viveu seus últimos dias, falecendo em 1805.
Destacou-se no surgimento das edições brasileiras de música
antiga, onde foi priorizado com a sua edição de música.
Toda sua criação consiste de música religiosa, quase onde
todas as composições são em latim, entretanto existe exceções de o Padre Nosso
e a Ave Maria do Tercio.
Lobo de Mesquita, em grande parte, evita a virtuosidade
instrumental, priorizando a clareza do texto. Isso provavelmente está relacionado
à liturgia, mas também é possível que esteja ligado à competência dos
intérpretes disponíveis ou da maneira que se desenvolveu a prática musical
mineira no século XVIII.
O compositor explora frequentemente a alternância de diferentes
texturas vocais para a estrutura de suas obras.
Algumas das composições de Lobo de Mesquita foram
apresentadas à outros grandes nomes da música, como quando Curt Lange chegou ao
Rio de Janeiro em 1944 contratado por Villa Lobos para realizar estudos, e foi
quando lhe mostraram partituras do século XVIII derivadas de Minas Gerais,
entre as partituras a antífona Salve Regina de José Joaquim Emerico Lobo de
Mesquita.
Uma parte significativa do que chegou até nós do repertório
colonial brasileiro,
formado por obras sacras , foi preservada nas cópias
produzidas ao longo do século XIX, que é
o caso das obras de Lobo de Mesquita.
REFERÊNCIAS
CASTAGNA, Paulo. Dualidades nas propostas editoriais de
música antiga brasileira. Per Musi. Belo
Horizonte, v. 1, n. 18, p.7-16, 2008.
FREITAS,
Mariana Portas. Entre o hexacorde de Guido e o solfejo “francês”: a Escola de
Canto de Orgão de Caetano de Melo de Jesus (1759). Revista Brasileira de Música. Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 43-71,
2010.
GUIMARÃES, Maria Inês JUNQUEIRA.José
Emerico Lobo de Mesquita. Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro. Fapemig.
Disponível em:http://www.cultura.mg.gov.br/pamm/vol1/arqs/compositor.pdf (acessado 20.05.2012).