quarta-feira, 23 de maio de 2012

Lobo de Mesquita


Acredita-se até hoje que nenhum documento que prove e possa esclarecer o local e data de nascimento de Emérico Lobo de Mesquita. Informações dizem que Lobo de Mesquita possa ter nascido na Vila do Príncipe do Serro do Frio, atual Serro  (MG), entre 1740 e 1750.
Entretanto, certamente  Lobo de Mesquita era mulato, possivelmente filho natural do português José Lobo de Mesquita e de sua escrava Joaquina Emerenciana, e que se casou por volta de 1795 com Tomásia Onofre do Lírio.
Possivelmente, foi aluno dos Padres Manuel da Costa Dantas, Manuel de Almeida Silva e Miguel Bernardo Moreira, mas nenhuma informação concreta, traz o conhecimento de seus estudos musicais. Na cidade de Diamantina, Lobo de Mesquita  exerceu funções de professor, organista e compositor.
Teve sua fase mais criativa como compositor coincidindo com suas atividades no Serro e em Diamantina.  Os autógrafos conhecidos de suas obras, além de algumas cópias raras de suas composições,  provam uma composição situada entre e 1778 e 1803.
Em 1798, Lobo de Mesquita foi morar na cidade de Vila Rica, onde hoje é a atual cidade de Ouro Preto, onde permaneceu por pouco tempo. Finalmente transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro no ano de 1801, onde assinou um contrato com a Ordem Terceira do Carmo, documento que assinala sua função de organista, como em Diamantina. No Rio de Janeiro viveu  seus últimos dias, falecendo em 1805.
Destacou-se no surgimento das edições brasileiras de música antiga, onde foi priorizado com a sua edição de música.
Toda sua criação consiste de música religiosa, quase onde todas as composições são em latim, entretanto existe exceções de o Padre Nosso e a Ave Maria do Tercio.
Lobo de Mesquita, em grande parte, evita a virtuosidade instrumental, priorizando a clareza do texto. Isso provavelmente está relacionado à liturgia, mas também é possível que esteja ligado à competência dos intérpretes disponíveis ou da maneira que se desenvolveu a prática musical mineira no século XVIII.

O compositor explora frequentemente a alternância de diferentes texturas vocais para a estrutura de suas obras.
Algumas das composições de Lobo de Mesquita foram apresentadas à outros grandes nomes da música, como quando Curt Lange chegou ao Rio de Janeiro em 1944 contratado por Villa Lobos para realizar estudos, e foi quando lhe mostraram partituras do século XVIII derivadas de Minas Gerais, entre as partituras a antífona Salve Regina de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita.
Uma parte significativa do que chegou até nós do repertório colonial brasileiro,
formado por obras sacras , foi preservada nas cópias produzidas ao longo do século XIX,  que é o caso das obras de Lobo de Mesquita.


REFERÊNCIAS
CASTAGNA, Paulo. Dualidades nas propostas editoriais de música antiga brasileira. Per Musi. Belo Horizonte, v. 1, n. 18, p.7-16, 2008.

FREITAS, Mariana Portas. Entre o hexacorde de Guido e o solfejo “francês”: a Escola de Canto de Orgão de Caetano de Melo de Jesus (1759). Revista Brasileira de Música. Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 43-71, 2010.

GUIMARÃES, Maria Inês JUNQUEIRA.José Emerico Lobo de Mesquita. Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro. Fapemig. Disponível em:http://www.cultura.mg.gov.br/pamm/vol1/arqs/compositor.pdf (acessado 20.05.2012).